terça-feira, 9 de junho de 2015

Introdução

A grande colônia portuguesa arouquense no Brasil sempre demonstrou um grande amor cheio de bairrismo, embora distante de sua terra natal Arouca, orgulhando-se de seu majestoso convento, onde jaz a padroeira dos arouquenses, a Rainha Santa Mafalda, filha de D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade portuguesa. Veneram também a Nossa Senhora da Mó, situada no seu pedestal, no ponto mais alto de Arouca. Da sua capelinha, a Sra. da Mó está sempre vigilante e tem-se a impressão, devido a tão grande altitude, que ela sempre acompanha, velando e derramando graças e bênçãos por todos os arouquenses residentes em Portugal e no Brasil. Por que não dizer, por todos os arouquenses espalhados pelo mundo inteiro.

          Confraternização arouquense

         Na década de 50, os arouquenses residentes no Rio de Janeiro acharam por bem que deviam reunir-se uma vez por ano, no dia 7 de Setembro, dia de Nossa Senhora da Mó, num almoço ou jantar numa churrascaria.
          Mais tarde, passaram a fazer a reunião desse mesmo dia, na Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria. Encontrava-se nessa confraternização o casal Antônio e Maria Helena Ribeiro, que participava das atividades desta Casa, na parte regional, desde 1959. Os dois fundaram e dirigiram o grupo folclórico feirense, grande intérprete das danças e cantares da Vila da Feira.
          D. Maria Helena dos Santos Ribeiro procurava alegrar mais ainda a confraternização, com as danças e cantares do grupo folclórico da Casa da Vila da Feira. Nos intervalos haviam sempre os discursos e, D. Maria Helena, procurava pedir àqueles que faziam uso da palavra, que se lançasse a idéia de fundar a Casa de Arouca. Geralmente, o primeiro a falar era sempre o Sr. Alberto José de Oliveira, também conhecido como Rezende. Um português cheio de bairrismo, e que com muito amor falava da sua terra natal Arouca, que para ele é a capital do mundo.
          Com grande entusiasmo falava do significado desta confraternização no dia da Sra. da Mó, e que era pena haver somente este encontro de ano a ano, por isso, concordava com D. Maria Helena, quando ela dizia que se devia fundar a Casa de Arouca. Um dia, o Sr. Alberto José de Oliveira chegou a dizer, com o entusiasmo que lhe era característico, que bastava uma mesa e um telefone para a Casa de Arouca existir. Alguns riram e até censuraram: “Deixa isso para lá e não inventes nada, Rezende”, disseram.
          Estava presente, nesse dia, um brasileiro, filho de arouquenses, o Sr. Adílio Dias da Costa, que disse:
          - Não resta dúvida de que uma mesa, um telefone e uma sala, seriam o bastante para dar início à fundação da Casa de Arouca. Não seria tão difícil, mas não vejo grande entusiasmo nos arouquenses. 
          D. Maria Helena ficava triste por não se tomar nenhuma iniciativa no meio de tantos arouquenses. Diziam-lhe apenas isto:
          - Já nos reunimos uma vez por ano e, sabe como é, nós estamos sempre muito empenhados e dedicados ao comércio e à indústria, e os nossos grandes afazeres não permitem que nós nos preocupemos em tomar tal iniciativa de fundar a Casa de Arouca. Desista dessa idéia que não vai conseguir nada.
          E, assim, terminava o dia da Sra. da Mó de ano a ano. D. Maria Helena encerrava a parte artística com a saída do grupo folclórico, dançando a “Rusga Feirense”.
          Contudo, o destino é caprichoso, indo fortalecer o pensamento positivo e a persistência de uma mulher arouquense que não descansou enquanto não fundou a Casa de Arouca. Esta é realmente a verdade.
          Surgia a grande oportunidade para D. Maria Helena realizar seu sonho.
          Tendo iniciado suas atividades junto com seu marido em 1959, embora já fosse sócia desde 1955, D. Maria Helena terminava sua missão na Casa da Vila da Feira, no dia 28 de Maio de 1967, por motivo de eleições.
          D. Maria Helena estava agora livre, feliz e com menos afazeres, já podendo pôr em prática a sua idéia fixa, que era fundar a Casa de Arouca.
          A primeira coisa que D. Maria Helena fez foi falar com seu marido, pois para tomar tal iniciativa, precisava do seu apoio. Este, por sua vez, aconselhou-a a descansar um pouco e a não pensar naquilo no momento, pois ainda era muito recente a sua saída da Casa da Vila da Feira.